Lucro Presumido: mais simples, mas nem sempre mais barato

O Lucro Presumido é um regime mais fácil de lidar. O próprio governo já define quanto, em média, uma empresa do seu setor lucra — e com base nisso, calcula os impostos. Por isso, é chamado de “presumido”.

No caso de supermercados, o governo presume que você tem:

• 8% de lucro sobre o faturamento para o IRPJ;
  
  
• 12% de lucro para a CSLL.

Mesmo que você tenha tido menos lucro que isso (ou até prejuízo), o imposto vai ser cobrado do mesmo jeito, com base nessas margens fixas. 

Por isso, pode ser vantajoso somente se sua margem de lucro for maior que essas estimativas.

Lucro Real: mais controle, mais economia se bem feito

O Lucro Real é mais justo, mas exige muito mais organização. Nele, os impostos são calculados com base no lucro de verdade da empresa, ou seja, receita menos todas as despesas, perdas, encargos etc.

Se você tem bastante despesa dedutível (energia, aluguel, folha de pagamento, perdas com produtos, etc.), esse regime permite que esses valores sejam abatidos do lucro — o que diminui a base de cálculo dos impostos.

Também é possível compensar prejuízos de outros períodos e usar créditos tributários, principalmente de PIS e Cofins.

Mas o que significam esses tributos na prática?

Vamos descomplicar os nomes que aparecem no seu boleto todo mês:

IRPJ (Imposto de Renda Pessoa Jurídica)

É o “Imposto de Renda da empresa”. Funciona parecido com o IR de pessoa física, mas voltado para o lucro da empresa. 

A alíquota padrão é 15%, com um adicional de 10% para lucros acima de R$ 20 mil por mês.

CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido)

É uma contribuição que ajuda a financiar a seguridade social (como aposentadoria e saúde pública). 

A alíquota é de 9% e também incide sobre o lucro.

PIS e Cofins

Esses dois tributos são cobrados sobre o faturamento da empresa. Eles funcionam de forma diferente dependendo do regime escolhido:

• No Lucro Presumido, eles são cumulativos. Você paga 0,65% (PIS) e 3% (Cofins), mas não pode abater nada do que gastou.
  
  
• No Lucro Real, eles são não cumulativos. As alíquotas são maiores (1,65% e 7,6%), mas você pode descontar créditos sobre várias despesas — como energia, frete, compras de mercadorias e muito mais.

Comparando na prática: veja um exemplo

Olha só essa simulação para um supermercado que fatura R$ 500 mil por mês e tem uma margem real de lucro de 4%:

Observação: Aqui não entraram o adicional de IRPJ nem os créditos de PIS/Cofins — que no Lucro Real ainda poderiam deixar os impostos mais baixos.

E quanto aos outros tributos?

Além dos que explicamos, um supermercado também paga:

• ICMS (Imposto estadual sobre vendas): esse varia de estado para estado e conforme o produto;
  
  
• INSS e FGTS: ligados à sua folha de pagamento;
  
  
• ISS: se o supermercado presta serviços (como entrega, por exemplo);
  
  
• Obrigações acessórias: como declarações, livros e escrituração contábil.
  
  

O regime escolhido vai influenciar diretamente a forma de calcular e declarar tudo isso.

Quando escolher Lucro Presumido?

Pode ser uma boa escolha se:

• Sua margem de lucro real for maior do que 8% e 12%;
  
  
• Sua empresa tiver poucas despesas operacionais dedutíveis;
  
  
• Você busca menos burocracia e um processo mais simples;
  
  
• Sua receita bruta for até R$ 78 milhões por ano (limite permitido para usar esse regime).

Quando o Lucro Real é mais vantajoso?

O Lucro Real tende a ser melhor se:

• Sua margem de lucro for menor que 8%;
  
  
• Seu supermercado tem muitas despesas dedutíveis (energia, perdas, logística, folha);
  
  
• Você quer aproveitar créditos de PIS/Cofins;
  
  
• A empresa precisa compensar prejuízos fiscais de períodos anteriores;
  
  
• Você quer pagar exatamente o que deve — e não a mais.

Quais os prós e contras de cada um?

Lucro Presumido

✅ Simples de calcular
✅ Menor custo com contabilidade
✅ Menos burocrático

❌ Pode pagar mais imposto sem necessidade
❌ Não permite compensar prejuízos
❌ Sem créditos de PIS/Cofins

Lucro Real

✅ Apura imposto com base no lucro real
✅ Deduz despesas e prejuízos
✅ Aproveita créditos tributários

❌ Mais complexo
❌ Exige controle rigoroso
❌ Custo contábil maior

E como tomar essa decisão com segurança?

Não existe receita de bolo. Cada supermercado tem sua realidade.

O que você pode (e deve) fazer é:

1. Simular os dois regimes com seus números reais;
   
   
2. Analisar as despesas e perdas do seu negócio;
   
   
3. Conversar com uma contabilidade especializada que entenda o dia a dia do setor.

Conclusão: o que funciona para o vizinho pode não funcionar para você

A escolha entre Lucro Real ou Presumido para supermercados precisa ser feita com base em dados, não em achismo. 

Cada centavo economizado em impostos (legalmente) pode ser reinvestido no seu negócio — seja em mais mercadoria, estrutura, marketing ou equipe.

E o melhor jeito de fazer isso com segurança é com o apoio de quem já conhece os desafios do seu setor.

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